terça-feira, 29 de novembro de 2011

Palavra de especialista: Doação de Leite Humano

Há algum tempo, venho querendo convidar pessoas queridas e ilustres para colaborarem com o Blog. O primeiro especialista que apareceu por aqui foi o Raul, com a papa de arroz e agora, tenho o prazer de compartilhar com vocês o relato dessa super especialista em doação de leite.
Muitíssimo obrigada Simone!!





DOAÇÃO DE LEITE MATERNO


“Dedico minha experiência em doação de leite materno à todas as mães que passam pelo momento mais feliz, e ao mesmo tempo, o mais delicado da vida de uma mulher: a maternidade. Em especial à minha mãe, uma mulher forte, que me ensinou o que é o amor incondicional amamentando-me até os meus dois anos, deixando-me livre para escolher o momento certo para o desmame”.

A amamentação, aos meus olhos, sempre foi um momento mágico, especial e muito esperado por toda a minha vida. Desde menina, eu parava para olhar as mães nutrindo seus filhos e ficava imaginando como seria quando chegasse a minha hora. Meus seios sempre foram fartos e com muitas glândulas e quando eu fazia exames de rotina, os médicos diziam que eu poderia ter muito leite.
Num desses exames de rotina, para a minha surpresa, apareceu um nódulo na minha mama direita obrigando-me a fazer uma biopsia. Foi um momento de muita tensão e sofrimento, pois meu marido e eu estávamos planejando um bebê e não queríamos pensar em coisas ruins. Graças à Deus o resultado da biopsia deu benigno e o conselho que recebi do meu ginecologista na época foi: “amamente muito, pois esse ato fará suas glândulas serem úteis e contribuirá para que você tenha saúde em suas mamas”. Depois de uma semana, a boa notícia: descobri que estava grávida e que um menininho estava chegando.
Tivemos uma gravidez muito saudável, um parto normal humanizado rápido, sem episiotomia e de acordo com o que eu esperava.
O Luigi nasceu e veio direto para o meu peito, sugou aquelas primeiras gotinhas de colostro, enquanto eu imaginava muito ansiosa o dia da descida do leite.
Nosso parto foi hospitalar. O bebê nasceu na segunda à noite, tivemos alta na terça, saindo da maternidade na quarta pela manhã.
Chegamos em casa e repousamos bastante. Na madrugada da quarta para quinta, acordei sentindo uma dor horrível nas mamas e uma sensação de peso extremamente desconfortável. Levantei para oferecer o peito para o Luigi e quando olhei no espelho meus seios, que já são grandes, estavam duas vezes maiores, duros, esticados como se fossem de borracha e carregados de leite. Fiquei muito triste e chorei muito, pois aquele momento tão esperado estava se tornando uma tragédia. O mais chato de tudo foi ver meu filho chorando uma madrugada inteira sem conseguir puxar aquele leite que estava todo parado nos meus seios.
Liguei para a Dra. Sandra às seis horas da manhã, pois não sabia o que fazer. Eu estava com muita dor e o bebê não parava de chorar. Já fazia mais de oito horas que ele estava sem se alimentar. Cheguei a pensar em sair correndo e comprar na primeira farmácia uma lata de leite artificial. Por sorte fui muito bem orientada pela pediatra que me indicou uma fonoaudióloga que, já por telefone, me orientou a alugar uma bomba elétrica para ordenhar esse leite que estava parado. (Para as mulheres que não possuem essa opção, os hospitais públicos possuem bancos de leite onde é possível receber orientações do que fazer nessas horas de desespero).
Meu marido foi imediatamente atrás dessa bomba e assim que ele chegou consegui tirar 20 ml de cada mama e, sem saber como dar o leite no copinho para o bebê, usei uma colherinha de chá. Porém o problema ainda não estava resolvido, pois meu filho não sabia fazer a pega adequada no seio e isso poderia ocasionar fissuras. À noite a fonoaudióloga veio em casa e ensinou varias posições para amamentar e também como o bebê fazer a pega correta.
Nosso problema estava resolvido e o fluxo de leite começou a correr normal, mas a quantidade de leite era muito grande, uma fartura, tanto que o Luigi não dava conta de sugar. Nesse período eu estava muito triste e chorosa e tudo me trazia tristeza até o simples fato de estender cueiros no varal. Logo descobri que eu estava passando pelo baby blues, um período de melancolia anterior à depressão pós-parto.
No dia seguinte tínhamos consulta com a pediatra e estávamos atrasados. Tomei um banho rápido e fui me trocar, quando olhei para os meus seios, eles estavam gotejando sem parar e em volta dos meus pés tinha uma poça de leite. Comecei então a chorar e chamei o meu marido que ficou com os olhos arregalados e sem saber o que fazer. Peguei dois absorventes comuns, desses que usamos todo mês, e coloquei um em cada seio e fomos para a consulta. Contei para a médica que o volume estava muito grande e ela orientou a usar conchas, para poder sair de casa mais tranquila. Em seguida ela me perguntou se eu tinha vontade de ser doadora de leite, na hora me deu muita vontade, mas eu não sabia por onde começar.
Em casa, pesquisando na internet, descobri que todas as cidades possuem hospitais com banco de leite. Liguei para o banco da minha região e uma enfermeira veio coletar meu sangue para análises e me orientar. Comecei as primeiras doações ordenhando com a bomba que eu tinha alugado, mas que já estava a tempo de devolver. Pensei em comprá-la, mas o preço era muito alto. Nesse momento fiquei muito chateada, pois como eu iria doar leite sem a bomba? Eis uma grande questão. Muitas mulheres deixam de ser doadoras, por não terem uma bomba em casa, ou pelo medo de doar e não sobrar leite para o seu filho. Esses dois pensamentos são equivocados. Existe um meio de ordenhar o leite manualmente muito mais confortável do que com a bomba. Com a bomba eu conseguia tirar de 20 a 30 ml por mama, e mesmo ela sendo elétrica e de excelente qualidade, não vou negar que era meio doloroso. Com a técnica manual que a enfermeira do banco de leite me ensinou, é mais rápido e mais confortável e ainda consigo tirar 70 ml de uma única mama. Por incrível que pareça, quando mais a gente ordenha o leite, mais leite temos para oferecer ao nosso bebê. Além disso, evitamos que o leite fique empedrado, o que traz muita dor e desconforto.
Ser doadora de leite passou a ser uma rotina aqui em casa. Uma vez por semana o motorista do banco de leite passa em casa e entrega um vidro estéril com uma etiqueta identificada, uma touca e uma máscara e retira o leite que ordenhei na semana.
Contribuir com o meu leite e ajudar a salvar vidas de bebês de mães que não tiveram a mesma sorte que eu, de voltar da maternidade com um bebê saudável nos braços, me traz um prazer e um bem estar enorme.
Nos primeiros dias do pós-parto, senti meu emocional muito abalado, hora e outra batia uma tristeza, um vazio e uma vontade de chorar sem ter motivos. Nessas horas, quando o Luigi já estava de barriguinha cheia e eu não podia amamentá-lo mais, eu pegava um frasco e me preparava para ordenhar o leite e a cada gotinha que caia no vidro eu pensava: “Eu preciso ser forte e encher meu peito de gratidão, pois o meu filho está aqui ao meu lado e posso amamentá-lo quando quiser. Que esse leite tenha um bom destino e que leve um pouco do meu amor, meu afeto e esperança”. Nada como se sentir útil em momentos de melancolia. Essa ação e pensamento me traziam forças e coragem para seguir em frente.
Os momentos mais difíceis já passaram e meu filho está forte, saudável e ganhando peso de acordo com o esperado. Quanto ao meu leite, quanto mais dôo, mais ele se multiplica. Quando penso que talvez nesse instante, enquanto escrevo esse relato, um bebê acaba de ter um final feliz e está indo para casa nos braços de sua mãe, graças as minhas gotinhas e de outras mães, que através da maternidade conheceram a força do amor incondicional e da doação, meu coração transborda de alegria.

Simone Moura de Paula Moelin

sexta-feira, 18 de novembro de 2011



As crianças nascem sem pré- conceitos do mundo e com toda permeabilidade para a interação e para trocas com outros seres humanos.


As crianças apreendem o mundo com todo o seu corpo, com todos os sentidos e seu desenvolvimento se dará a partir dessas interações. Um bebê é só um bebê hoje e merece ter favorecidos o desabrochar e o amadurecimento das suas potencialidades. Não há promessas a serem cobradas num outro tempo, a vida do bebê é hoje e não podemos perder tempo, aprenderá a partir do que lhe for oferecido.
Muito da interação e dos estímulos que o bebê recebe no começo da vida, acontece durante os cuidados básicos de alimentação , higiene, preparação para o descanso e também durante as brincadeiras. Lembrar que o bebê está presente o tempo todo e faz parte dessa interação é um excelente começo. Para favorecer o desenvolvivento do bebê é preciso muita atenção às suas necessidades e disponibilidade e carinho para atendê-las.
Podemos dividir o desenvolvimento humano em desenvolvimento emocional, desenvolvimento físico, desenvolvimento social, desenvolvimento cognitivo- mas apenas didaticamente, pois tudo acontece ao mesmo tempo e com a mesma pessoa!
Durante as próximas semanas estarei por aqui falando um pouquinho sobre esse tema tão central na vida dos bebês.